A região da Transamazônica e Xingu*, no estado do Pará, apresenta neste momento índices alarmantes de infecção e morte por COVID-19 comparáveis com os atingidos no pico da pandemia em 2020 e que, caso ignorados, devem levar ao colapso do sistema de saúde. Em Altamira já são mais de 7 mil casos e 145 mortes confirmadas. Em toda a região, a soma supera 300 mortes, e os números não param de aumentar.
Segundo as Secretarias Municipais de Saúde, a incidência acumulada de casos no Xingu supera a média do estado do Pará, e é também maior do que a média no Brasil. Altamira, município referência para o atendimento de uma população estimada de 354 mil pessoas**, conta com apenas dois hospitais, e só um deles trata casos de alta complexidade. A cidade ainda recebe indígenas e ribeirinhos de 11 Terras Indígenas e 7 Unidades de Conservação.
Para piorar, nota-se um número cada vez maior de eventos nas ruas, comércios abertos e uma incapacidade do poder público de conter as aglomerações. Mas o isolamento social efetivo continua sendo a única maneira de evitar a propagação da doença, que não tem tratamento precoce e nem remédios que proporcionam a cura. A vacina, segura e eficaz, já chegou ao Xingu para parte dos indígenas e profissionais de saúde na linha de frente do combate à COVID-19. Só haverá imunização, porém, quando toda a população for vacinada. Não há previsão de que isso aconteça rapidamente.
Além disso, as feridas abertas na região desde o início da construção da Usina de Belo Monte, com inúmeras violações aos direitos das populações locais e ao meio ambiente, ainda não cicatrizaram. Altamira passou a constar, desde então, entre os municípios mais violentos do país, cenário que se agrava com o avanço da COVID-19. A pandemia descontrolada não pode abrir mais uma chaga.
Não ficaremos parados enquanto vemos o horror se instalar. Não podemos seguir o exemplo de outras cidades onde, infelizmente, a doença tem matado por falta de oxigênio na rede hospitalar. Não podemos ficar sem respirar no coração da Amazônia. Por isso, criamos a campanha Respira Xingu com o intuito de reunir diferentes vozes, propostas e doações, atuando em cinco frentes. É urgente mobilizar a sociedade e pressionar o poder público a cumprir sua obrigação constitucional de garantir acesso à saúde e a cumprir imediatamente os protocolos para casos de pandemia determinados pela Organização Mundial da Saúde. Do contrário, será responsável e responsabilizado por mortes que seriam evitáveis. Respira Xingu!
* Engloba as cidades de Altamira, Anapu, Brasil Novo, Medicilândia, Pacajá, Porto de Moz, Senador José Porfírio, Uruará e Vitória do Xingu.
** Segundo dados do IBGE, as nove cidades que compõem o médio Xingu somam 353.943 habitantes. Porém, esse número não considera fluxos migratórios recentes que elevaram a quantidade de pessoas vivendo na região.
Assinam este manifesto:
Manifesto
frentes de atuação
01. Educação
Distanciamento social, uso de máscara e constante higienização das mãos continuam sendo a única maneira de evitar a propagação do vírus. Criamos materiais para conscientizar a população de que essas medidas são efetivas e necessárias.
02. responsabilização
A Prefeitura de Altamira precisa tomar ações urgentes para evitar as aglomerações que têm acontecido na cidade, suspender eventos e colocar regras claras para o funcionamento dos estabelecimentos com atividades essenciais, além de fechar o que não é essencial – medida necessária para que novas mortes sejam evitadas.
03. informação
A informação é fundamental e ela não tem chegado de maneira clara para a população. Com o apoio de profissionais da saúde, vamos divulgar boletins semanais com os dados unificados da região.
04. arrecadação
Faltam insumos nos hospitais e várias famílias da região estão em grave situação de vulnerabilidade. Vamos atuar na divulgação, organização e distribuição de doações.
05. memória
Os mortos por COVID-19 não são números, eram nossos amigos, familiares, colegas de escola, vizinhos. Tinham afetos, amores e sonhos. Aqui, honraremos suas histórias.
divulgue
Ajude a espalhar nossa mensagem. Acesse todos os materiais de comunicação e divulgue a campanha Respira Xingu em suas redes.
boletim Covid-19 xingu*
* Altamira, Anapu, Brasil Novo, Medicilândia, Pacajá, Porto de Moz, Sen. J. Porfírio, Uruará e Vitória do Xingu
Última atualização em 11 de junho às 22h
Casos nas últimas 24h:
102
Óbitos nas últimas 24h:
00
Taxa de ocupação do HRPT**:
76%
Casos acumulados:
28.022
Óbitos acumulados:
624
** Leitos clínicos e de UTIs dedicados ao tratamento da COVID-19 no Hospital Regional Público da Transamazônica
Fontes: Secretarias Municipais de Saúde do Médio Xingu / Secretaria de Estado da Saúde do Pará.
Casos e óbitos por data da confirmação
Dados diários consolidados pelo Grupo de Monitoramento Epidemiológico da COVID-19 da Faculdade de Medicina da UFPA, Campus Altamira
colabore
Semanalmente, iremos divulgar neste espaço as necessidades da nossa região. Respira Xingu se compromete a fazer a ponte entre o doador e quem receberá a doação.
Do que precisamos agora:
500 cestas básicas
Destinadas a famílias em situação de vulnerabilidade econômica
Produção de 300 camisetas, 10.000 adesivos, 500 cartazes, 50 outdoors e 500 horas de carro e moto de som para divulgação de mensagens da campanha
01 usina de oxigênio
Usina de Oxigênio com capacidade de 50m³/hora
divulgação
1. Doações financeiras nacionais:
Duas associações signatárias da campanha Respira Xingu se disponibilizaram a receber doações financeiras, fazer gestão desses recursos e prestar contas neste canal. São elas:
Coletivo de mulheres do xingu
terraaguasflorestassustentaveis
Organização sem fins lucrativos que luta por políticas públicas e sociais de defesa e promoção dos direitos de meninas e mulheres negras, indígenas, ribeirinhas e urbanas da região da Transamazônica e Xingu. Sediada em Altamira-PA.
Coletivo de Mulheres do Xingu
CNPJ: 36.933.302/0001-60
Caixa Econômica Federal
AG: 0551 003 | CC: 3216-7
PIX: 36.933.302/0001-60 (CNPJ)
coletivodemulheresdoxingu@gmail.com
Associação de Moradores da Resex do Rio Iriri: AMORERI
Sem fins lucrativos e com sede em Altamira-PA, a Associação de Moradores da Reserva Extrativista do Rio Iriri coordena uma rede de 15 grupos indígenas, ribeirinhos e da agricultura familiar denominada "Rede de Cantinas da Terra do Meio", e detém a marca "Vem do Xingu". Além de valorizar a produção desses povos, há mobilização por direitos. O combate à COVID-19 tem sido atividade central desde o início da pandemia.
Associação dos Moradores da Resex Rio Iriri - Amoreri
CNPJ: 08.395.946/0001-06
Caixa Economica Federal
AG: 0551 | Conta Poupança: 6075-3
2. Doações financeiras internacionais:
Para doações internacionais, clique no link abaixo e faça uma doação única para a organização Heath in Harmony (Saúde em Harmonia) e identifique no campo "notes" a campanha com o texto "Respira Xingu".
100% dos recursos serão transferidos para as organizações responsáveis pela gestão financeira da campanha no Brasil.